No final de 2012 eu havia acabado de me formar no Ensino Médio e consequentemente feito o ENEM para buscar uma tão desejada vaga de Engenharia numa Universidade Federal.
O meu sonho era fazer Engenharia Mecânica na Unifei (Universidade Federal de Itajubá), aqui em Itabira (MG).
Mas a vida não está nem aí para o seu planejamento, e naquela dúvida do SISU, eu preferi ter um pássaro na mão do que possíveis 2 voando. Optei por fazer Engenharia da Mobilidade, traduzindo: Engenharia de Transportes (mas sei lá porque deram esse nome que ninguém entende logo de cara).
Não era o ideal mas tava tudo bem. Meus pais estavam satisfeitos, eu tinha uma vida boa aqui, um Fiat Uno dado por eles, moto de trilha, mochilão de 1 mês para a Europa e tudo mais. Isso tudo era um bônus por estudar numa “faculdade 0800”. Resumindo: vida de Playboy.
Tudo perfeito, não é mesmo?
Não.
Só fiz cagada na Unifei.
No primeiro período 3 paus, no segundo 5 e no terceiro período reprovei em tudo. Isso já era Julho de 2014, eu havia acabado de completar 20 anos e estava bem perdido/desesperado sobre o meu futuro.
Pronto, agora que contextualizei o cenário daquela época, podemos falar sobre essa tão difícil decisão que mudou a minha vida.
Tranquei a faculdade
Estava indo de mal a pior e não queria pisar na Unifei naquele momento. Então, após uma conversa séria com meu pai, eu decidi que queria trancar a faculdade, fazer cursinho e, enquanto isso, trabalhar como estagiário numa obra de um Galpão Comercial.
Foi um período de grande aprendizado, eu aprendi mais nesses 6 meses de obra do que em 3 períodos na Unifei.
Decidi fazer Engenharia Civil no vestibular, praticamente troquei 6 por meia dúzia. Mas a ideia era me mudar para Belo Horizonte, conhecer pessoas novas e ter uma experiência de vida que eu precisava naquele momento.
Fazia cursinho à noite e sabia muito bem que minhas chances de passar na UFMG em Engenharia Civil, eram mínimas. Cheguei para o meu pai e falei:
“Eu vou fazer o vestibular da FUMEC”.
Ele ficou de cara! Porque sempre falava que era inaceitável estudar numa faculdade particular e blá blá blá.
Enem feito mais uma vez e adivinha só?
Deu merda. Afundei.
Vestibular da FUMEC? Passei. Mas não fiz mais que a minha obrigação. Vamos combinar que, na grande maioria dos casos, passar numa faculdade particular é bem mais fácil do que uma federal.
Abrindo mão da vida de Playboy
A decisão de estudar numa faculdade particular em BH me forçou a abrir mão dos “luxos”. Custos que eu não tinha morando com meus pais e estudando na Unifei passariam a fazer parte da nova vida belorizontina.
Pagar mensalidade de faculdade?
Assim como meu pai, eu também não aceitava pagar para estudar sendo que havia tanta faculdade federal boa, ainda mais na minha cidade natal.
Queimei minha própria língua. Confesso.
1 passo para trás
Estava convicto (pelo menos na minha cabeça) que, naquele momento, aquilo era a melhor opção, mas não sabia exatamente como. Comecei a estudar com uma galera 3 anos mais nova e aproveitei apenas 3 matérias da Unifei (até porque, eu tinha tomado pau em uns 90% das matérias), ou seja, comecei o curso de Engenharia Civil na FUMEC praticamente do zero.
Muita gente vivia me perguntando:
“Você saiu de uma Faculdade Federal para fazer Particular? Como assim?”
Minha vontade era gravar um áudio com a explicação e botar para tocar toda vez que alguém me perguntasse isso.
Preciso sair daqui o quanto antes
Acho que pelo fato de estudar com uma galera mais nova, ou até mesmo, de uma visão de mundo diferente da minha, eu não consegui me enturmar muito bem durante o curso. Então botei na minha cabeça que eu precisava formar o mais cedo possível.
A meta? 6 meses antes do prazo (4 anos e meio).
Fiz poucos e bons amigos por lá, mas eu não curtia muito o curso e vivia com a falsa esperança de que no próximo semestre tudo iria melhorar. #iludido
Por não gostar muito do curso, isso se tornou mais um motivo para eu formar o quanto antes. Ao invés de estudar porque eu gostava, eu estudava porque eu não queria ver aquelas matérias nunca mais.
Tomar pau era uma coisa que nem passava pela minha cabeça, ainda mais que a partir dali passaria a doer no bolso, ao contrário da Unifei, mais uma motivação para estudar.
5 passos para frente
Aos trancos e barrancos, suspiros, pensando em desistir mil vezes, eu consegui me formar na meta que havia estabelecido lá no início do curso e com uma média de 75% (não fiz mais que a obrigação). Um dia vou escrever detalhadamente como foi todo esse meu “ciclo universitário”.
Apesar de não ter me identificado com o curso de Engenharia Civil e aprendido muito pouco da parte técnica, o maior aprendizado foi o amadurecimento e o desenvolvimento das famosas Soft Skills (Inteligência Emocional e afins).
Assim como todo estudante de Engenharia, em alguns casos, eu senti na pele o que é não saber nada para uma prova, ter que me virar em 1 dia para aprender todo conteúdo e torcer para alcançar a média.
Mesmo com meus poucos anos de vida, essa decisão de sair da zona de conforto e procurar algo novo impactou positivamente na pessoa que sou hoje. Novos desafios, indecisões e passos para trás aparecerão pelo caminho. Mas o importante é aprender e caminhar em frente.
E para encerrar, toma aqui uma frase no estilo Coach:
“A dor é momentânea, a glória é para sempre.”
– Não sei quem disse isso, mas acho top essa frase.
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Mateus Guerra
Engenheiro Civil de formação, apaixonado por inovação, trabalhou por quase 4 anos no mercado de Startups e atualmente está explorando novos caminhos na Vale.
Mateus Guerra
Engenheiro Civil de formação, apaixonado por inovação, trabalhou por quase 4 anos no mercado de Startups e atualmente está explorando novos caminhos na Vale.
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