O artigo que você vai ler agora é parte de uma palestra que fiz em 2019 sobre RH em Startups. Basicamente peguei os slides e as minhas falas (se é que eu ainda lembro rsrs) e transcrevi aqui embaixo.

Nessa palestra também falei sobre People Analytics (métricas usadas no RH), mas para não transformar este texto em uma “Bíblia”, esta outra parte da minha apresentação fica para uma próxima oportunidade.

Logo de cara vou dar um exemplo de algumas frases e tenho quase certeza que você já ouviu pelo menos uma delas no ambiente de trabalho:

“Todos aqui são facilmente substituíveis. Se você não gosta daqui, acharemos alguém que goste.”

“Seu gerente tem poder, você não. Seu trabalho é fazer o que mandam.”

Sempre foi assim. Para de perguntar por que fazemos isso.” (já ouvi muito e isso me deixava puto)

“Alguém com mais poder que você na empresa já resolveu esse problema. E ele não está aberto para discussão.”

“Criamos essas políticas por um motivo. Não é da sua conta saber qual é esse motivo.”

Tudo que você já ouviu ou leu aqui em cima é abominável numa cultura de Startups. Fato. Serve apenas para escancarar o autoritarismo de um superior e reprimir pessoas muitas vezes geniais, que, com uma simples ideia, podem revolucionar os resultados da empresa.

Agora eu te pergunto e quero ver se você consegue acertar: 

Porque algumas pessoas, principalmente os mais jovens, querem tanto trabalhar numa Startup?

A Gama Academy, uma Edtech (empresa de tecnologia focada em Educação), que capacita universitários e recém-formados para terem mais experiência nessa nova revolução digital do mercado de trabalho, perguntou aos candidatos de seus processos seletivos, qual a maior motivação para trabalhar numa Startup.

Após mais de 3000 respostas, o ranking das 11 coisas que mais motivam esses jovens é:

  1. Propósito
  2. Autonomia 
  3. Flexibilidade 
  4. Empreendedorismo
  5. Work Life Balance (Equilíbrio entre vida e trabalho)
  6. Amor no que faz
  7. Impacto Positivo
  8. Significado
  9. Ganhar Dinheiro
  10. No Dress Code (Trabalhar de bermuda e chinelo)
  11. Diálogos Abertos

Simplesmente, Propósito!


Mas você sabe o que é Propósito?

É trabalhar num lugar que vende/entrega algo que você acredita e que está muito alinhado a suas ideias e motivações diárias.  

A falta de propósito, por outro lado, pode ser exemplificada de maneira simples:  uma pessoa que não gosta de cerveja trabalhar na Brahma. Ou indo mais longe nessa ideia, ser contra o porte de armas e trabalhar na Taurus.

Trabalhar com algo que você acredita e que gera valor para todas as pessoas envolvidas na cadeia (stakeholders) é o que motiva a maioria desses jovens no novo mercado de trabalho.

Uma relação de GANHA GANHA GANHA

Eu gosto de dar o exemplo do ClubPetro:

GANHA o revendedor (dono do posto) que passa a vender mais combustível.

GANHA o motorista que entende as vantagens de abastecer naquele posto.

GANHA o ClubPetro que cresce a cada novo cliente e contrata mais pessoas com um propósito alinhado ao seu.

E você aí, achando que a galera de Startup só trabalha porque pode jogar sinuca e tomar aquela cerveja marota, às 18:01, dentro do escritório (o que não deixa de ser muito bom).


Perfil cultural mais buscados em Startups

O que as Startups mais buscam quando vão contratar alguém? Separei as principais características aqui embaixo:

Mindset Empreendedor

Basicamente postura de dono. É bater no peito quando conquista algo foda e assumir a culpa quando fazer alguma cagada.

Inovação Criativa

Ter a capacidade de reinventar processos já existentes e sempre buscar coisas novas. A linha entre a inovação e o erro é muito tênue, e é importante entender que o erro faz parte do nosso aprendizado. 

Eu acredito que todo mundo tem direito de errar 1 vez em cada coisa. Se você errar 2 vezes a mesma coisa, aí talvez seja vacilo mesmo.

Soft Skills Avançadas

Soft Skills se resume em inteligência emocional, empatia e etc. Não adianta nada você ser o melhor do mundo no Excel (exemplo de uma Hard Skill) e ser um cuzão com as pessoas que trabalham ao seu redor.

T-Shaped Profile

Leia a Revista Capricho! 

Mas como assim, Mateus? 

Quanto mais repertório você tiver de coisas que não fazem parte do dia-a-dia, maior sua capacidade de criar algo novo e combinar coisas que já existem.

Seguindo essa ideia, o profissional do mercado digital precisa ter um conhecimento muito aprofundado em algo, mas é importante que ele tenha um conhecimento básico em outras áreas como direito, economia, marketing, computação, análise de dados e etc. A imagem abaixo ilustra bem essa ideia de T:

rh no mercado de startups

Flexível a mudanças:

O ser humano tem preguiça! E é natural isso. Temos preguiça até se for para fazer a mudança de morar numa casa melhor ou planejar uma viagem. Mas as mudanças nos ajudam a evoluir.

Mais uma vez, gostaria de dar o exemplo do ClubPetro. No Marketing, durante muito tempo a gente usou o RD Station para fazer nossas campanhas de Inbound, era incrível, magnífico! Até que chegou um momento que essa ferramenta não estava atendendo mais as nossas necessidades. O que foi feito? 

Mudamos para o Hubspot, um software mais robusto e que conseguiria atender a nossa demanda. Foi chato criar novamente todos os fluxos de email, landing pages, segmentações e etc? Sim e muito! Mas refazer tudo isso com mais maturidade, conhecimento em marketing e novas pessoas na equipe. Resumindo, foi essencial para melhorar os processos e atingir grandes resultados.

Fast Learner:

Aprenda rápido! E desaprenda rápido também. Se você acha que aquele seu conhecimento adquirido em 2019 vai ser essencial para o seu trabalho em 2020 e nos anos seguintes, você está errado. 

Entenda que o seu HD (da cabeça, no caso) precisa ser formatado constantemente. A informação hoje em dia é rápida e tudo aquilo que você aprendeu há 6 meses, pode não servir mais para porcaria nenhuma. Sad but true :/


Se você chegou até aqui, te faço uma proposta!

No melhor estilo Matrix, eu tenho 2 pílulas para te oferecer (só clicar na sua preferida):

“Lembre-se, tudo o que eu estou te oferecendo é a verdade. Nada mais.”


rh no mercado digital

Eu sabia que você não iria me decepcionar 🙂

Continue lendo aqui embaixo:

rh no mercado digital

Eu sabia que você não iria me decepcionar 🙂

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Processo Seletivo do ClubPetro

Antes de mais nada, queria dar aquela contextualizada:

Sou psicólogo? Não

Tenho alguma experiência com RH? Também não.

Sou outsider? Sim! E é aí que tá a graça do negócio.

Em junho de 2019 eu estava muito admirado em como o Gama Academy conseguia capacitar tanto as pessoas para o mercado digital em apenas 5 intensas semanas. 

E porque não trazer a metodologia deles para o nosso processo seletivo?

Nos processos anteriores, a gente percebeu que os candidatos chegavam na parte das entrevistas não sabendo muito sobre o que as vagas pediam, como por exemplo: marketing, técnicas de vendas, experiência do usuário e desenvolvimento de software.

E a culpa por não saber muito bem não era deles. Porque as universidades não entenderam que o mercado de trabalho mudou e não capacita os alunos para isso.

Então, eu fiquei com a seguinte missão: revolucionar o nosso processo seletivo para ter candidatos mais capacitados, e mesmo os que não fossem aprovados, aprenderiam muita coisa e serviria como uma experiência incrível.

Segue aí a ideia do Processo Seletivo do ClubPetro:

O importante é o perfil comportamental

Não interessa muito o que você está cursando, se você é formado ou até mesmo sua capacidade incrível de fazer planilhas. O que a gente quer nessa etapa é que os candidatos se identifiquem em quatro diferentes grupos ao invés de escolherem vagas específicas: 

    • Hustler: Vendas Inside Sales e Sucesso do Cliente. Tem como área de atuação, o segmento de vendas; precisam ter bom poder de argumentação, saber técnicas de gestão de vendas. O famoso bom de lábia.
    • Hacker: desenvolvimento Front-end e Back-end. Tem como objetivo “codar o sistema”, ou seja, implementar a linguagem de programação, passando por metodologias tradicionais e ágeis para a entrega do produto. Mais conhecido como o maluco da programação.
    • Hipster: UX/UI Designers. Tem como objetivo aplicar metodologias de gestão do design, UX, design thinking, design de serviço, dentre outros, fazendo uso de ferramentas gráficas para execução das tarefas. Resumindo, os criativos e que entendem aquilo que o usuário precisa.
    • Hyper: Marketing Digital e Growth. Tem como objetivo garantir a comunicação do projeto, implementar e analisar SEO, geração de leads, dentre outros. O Marketeiro Inteligente! Bem contrário daquele cara que acha  panfleto e outdoor são as melhores alternativas para o marketing da sua empresa.

Os nomes dos 4 grupos acima eu copiei do Gama, na cara dura! Foi mal. Mas na época eu não tive criatividade para criar novos nomes.

Prova Técnica + Assignments

Assim como as inscrições, essa etapa do processo foi 100% online e durou 15 dias. Talvez você esteja pensando: nossa, que software Mateus usou para realizar essas provas, será que foi caro?

Meu caro questionador, usei Google Forms para a prova técnica e o nosso próprio WordPress para criar uma espécie de portal em que os candidatos enviavam seus Assignments (desafios). 

Tudo isso de graça! 0800! (tirando os custos de manter o site no ar, mas isso o ClubPetro já pagaria normalmente).

Na prova técnica foram fornecidos alguns artigos de acordo com o perfil que os candidatos escolheram na inscrição (Hustler, Hacker, Hipster e Hyper) e 20 perguntas fechadas. O candidato teria que ler o texto antes de responder cada pergunta (ou dar um Ctrl + F para achar as respostas no texto. O que a gente procura são pessoas que pensam e fazem diferente). Olha aí (Se você estiver lendo pelo Smartphone, recomendo dar um zoom com os dedos para facilitar a leitura):

rh em startups
rh no mercado digital

Já os Assignments foram mais elaborados. Foi desenvolvido um “portal” (gambiarra boa e barata que fiz) em que o candidato tinha 8 desafios a serem feitos, indo mais para o lado das Soft Skills que eu falei anteriormente. Seguem os prints na ordem:

rh no mercado digital
rh no mercado digital
rh no mercado digital
rh no mercado digital

Dinâmicas práticas com situações reais

Selecionados os candidatos que obtiveram um bom resultado na etapa anterior. Era hora de trazê-los para dentro da nossa sede e colocá-los em situações que rodeiam o cotidiano de quem trabalha no ClubPetro. 

Eu e mais 10 Speeders (quem trabalha no ClubPetro tem esse nome) ficamos por conta de avaliar os candidatos e o comportamento deles diante de algumas adversidades. Ali era hora de colocar em prática tudo que foi ensinado na prova prática e assignments (hora de testar o espertão do Ctrl + F). O Otávio Assis (@pink_ouch lá no insta) trabalhava com a gente na época e fez um vídeo bem da hora de tudo isso:

Entrevistas

Chegamos à parte final do funil do processo seletivo. Hora de conversar com os candidatos e conhecer um pouquinho mais da história de cada um. O que fizemos de diferente aqui foi colocar 3 entrevistadores do ClubPetro:

  1. A Rafa, nossa psicóloga.
  2. O responsável pelo time/setor que precisava de um novo Speeder.
  3. Alguém de um setor diferente da área do candidato. Por quê? Para analisar uma coisa que prezamos muito: Cultura! Será que o candidato tem um Fit Cultural semelhante ao nosso?

Overview do nosso Processo Seletivo

    • 450 candidatos
    • 150 aprovados para realizar a dinâmica
    • 60 entrevistados
    • 20 novos Speeders

E sabe qual o mais legal disso tudo? 

Pluralidade nos define.

rh no mercado digital

No ClubPetro existem todos os tipos de “serumaninhos”. Se você for bom de serviço e tiver um propósito alinhado ao nosso, mais perto de estar dentro! Independente de qual faculdade você fez, religião, esquerda ou direita, raça, orientação sexual e etc.

Essa mistura toda é o que faz a gente crescer cada vez mais.

Com pessoas que enxergam o mundo de uma forma diferente, mas possuem um propósito alinhado e que sabem onde querem chegar.

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Mateus Guerra
Mateus Guerra

Engenheiro Civil de formação, apaixonado por inovação, trabalhou por quase 4 anos no mercado de Startups e atualmente está explorando novos caminhos na Vale.

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Mateus Guerra
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