Argentina? Como assim?

Isso mesmo que você acabou de ler.

A história se passa mais precisamente em sua capital, Buenos Aires.

Os nossos Hermanos fizeram de lá o lugar número 1 do empreendedorismo mundial.

Até pouco tempo atrás, eu não sabia disso e tenho certeza que você também não sabe. Então continua na leitura que vou te contar o segredo por trás dessa história.


O poder das conexões

Como de costume aqui no meu blog, gosto de dar uma contextualizada básica sobre o assunto.

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Você conhece ou já ouviu falar da Endeavor?

Então, a Endeavor é uma organização que apoia empreendedores de alto impacto do mundo inteiro com o objetivo de conectá-los para crescerem juntos.

Basicamente é o seguinte, você como empreendedor, se inscreve no rigoroso Processo Seletivo deles, e caso aprovado, passa a ter mentorias, encontros e etc com os melhores do mercado. 

A consequência?

Acelerar o seu próprio negócio com ajuda de pessoas que já passaram pelo mesmo que você e vão te ajudar a não cometer os mesmos erros que eles tiveram.

Dá só uma olhada em alguns dos mentores da Endeavor aqui em Minas Gerais:

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Max Oliveira

MaxMilhas

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Rubens Menin

MRV e Banco Inter

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Vitor Peçanha

Rock Content

Tem uma frase do Guimarães Rosa que ilustra bem a ideia da Endeavor:

“É junto dos bão que a gente fica mió”

A organização atua no mundo inteiro criando uma cultura incrível de ecossistemas de colaboração entre empreendedores.

E o resultado em Buenos Aires no ano de 2015, graças ao trabalho que a Endeavor desenvolveu, foi surpreendente.


La Mano de Dios

Até 1997, o termo “Empreendedorismo” não fazia parte do cotidiano de Buenos Aires. Nessa época, a Endeavor começou a atuar na terra do Papa Francisco colocando o empreendedor como o principal agente de mudança daquele ecossistema. 

Além disso, houve um forte incentivo do Governo em iniciativas como essa que enxergam o empreendedor como agente de mudanças e criador de novos valores econômicos, sociais e ambientais.

Os gráficos a seguir foram retirados de uma apresentação que o Vinícius Braz, Coordenador Regional da Endeavor em MG, realizou na inauguração da nova sede do ClubPetro.

Dá só uma olhada como era o ecossistema de empreendedorismo de Buenos Aires antes dessa “mãozinha” da Endeavor:

1990 – 1996: Cada um no seu quadrado

Explicando esse gráfico:

  1. O tamanho das bolinhas representam quantas conexões essas empresas fazem com outras. Ou seja, quanto maior a bolinha, mais conexões essa empresa faz.
  2. As cores setinhas indicam como essas conexões foram feitas:

Laranja: A empresa MENTOROU uma outra.

Rosa: A empresa INSPIROU a criação daquela outra.

Verde: A empresa INVESTIU em outra.

Azul: Um funcionário daquela empresa saiu para TRABALHAR em outra.

Roxo: Um funcionário daquela empresa saiu para FUNDAR outra.

Nesse período haviam pouquíssimas conexões, era cada um por si errando e acertando, sem compartilhar os conhecimentos e experiências adquiridos no dia a dia.

1997 – 1999: Chegada da Endeavor

A coisa começou a mudar, novas conexões, novas empresas criadas e mentoradas/apoiadas/conectadas por outras maiores.

Confesso que lá no primeiro gráfico eu não conhecia nenhuma empresa, mas aqui a coisa já começa a fazer sentido. Olha só o Mercado Livre ali, fundado em 1999 e recebendo um investimento da Patagon (Fundo de Investimentos em capital de risco). 

Percebemos aí que novas bolinhas apareceram, outras ficaram maiores e mais setinhas representando as conexões entre essas empresas.

2000 – 2006: Mais conexões e empresas surgindo

O interessante é que algumas empresas fundadas nesse período já nasciam fazendo essas conexões (os tamanhos das bolinhas mostram isso).

Em outras palavras, nesse período a Cultura de se conectar com outras empresas já fazia parte dessas empresas desde o seu nascimento.

2011: Ecossistema forte

Com todas essas conexões feitas, em 2011 o Ecossistema de Buenos Aires ficou representado assim:

As bolinhas em verde representam as empresas que possuem empreendedores Endeavor, ou seja, foram aprovadas no processo seletivo, tiveram mentorias e tudo aquilo que falei lá atrás. 

Só que essa ideia de se conectar e ajudar um ao outro não ficou por aí, essas empresas em verde passaram a aplicar, por vontade própria, a Cultura de apoio e mentorias em empresas menores.

O papel da Endeavor foi tão fundamental na terra do Boca e River que o próximo gráfico vai te mostrar como seria se não existissem essa Cultura:

Essas aí são empresas que não tiveram nenhum envolvimento direto ou indireto com a Endeavor.

Sentiu um vazio aí?

Olha a diferença!

A densa rede de conexões criada por empreendedores de alto impacto na Argentina contribuiu muito para a construção de um setor de tecnologia que hoje emprega cerca de 80.000 pessoas e gera receita anual superior a US $ 1 bilhão. Esta é uma história de grande esperança em um país onde as pessoas pensavam que isso nunca poderia acontecer.


Lições aprendidas com o Ecossistema de Empreendedorismo de Buenos Aires

O desenvolvimento de ecossistemas liderados por empreendedores funciona melhor

Governos, aceleradores, fundos de investimentos, prestadores de serviços e empresas multinacionais desempenham papéis importantes de apoio, mas o desenvolvimento do ecossistema deve ser liderado por empreendedores locais que conhecem a realidade dali.

É preciso mais do que apenas Startups

São necessários empreendedores de alto impacto, que apoiam e inspiram a próxima geração de empreendedores.

Um pequeno número de empreendedores de alto impacto consegue gerar um valor enorme ao ecossistema

Os empresários das três principais empresas mais influentes dos gráficos acima (Mercado Libre, Patagon e Digital Ventures) atingiram mais de 60% das outras empresas do setor.

Os empreendedores que se tornaram gigantes devem ser incentivados a ser investidores anjos

Esses empreendedores podem oferecer capital mais inteligente (Smart Money) e atrair parceiros de alta qualidade de fora da região.


Fazendo o mesmo para prosperar

Quantas oportunidades deixariam de ser criadas se não fosse essa mudança no empreendedorismo de Buenos Aires?

Se eles conseguiram, por que a gente não consegue?

Trazendo essa ideia para a realidade do Brasil, em especial na minha cidade Itabira, vejo que muitas pessoas aqui só enxergam a Vale como a única alternativa econômica para a cidade.

Seria muita burrice minha negar a importância da mineradora em seu desenvolvimento. Graças à ela, Itabira chegou a ser a quinta maior economia do estado, trouxe a Unifei (Universidade Federal de Itajubá), gerou empregos diretos e indiretos para as maiorias das famílias que conheço por aqui e muito mais.

A Vale fez, faz e fará muita coisa boa por Itabira.

Mas Itabira precisa deixar de ser a cidade que depende somente da Vale.

E passar a ser também a cidade da inovação e do empreendedorismo.

Temos grandes empreendedores, ótimos profissionais e estudantes incríveis por aqui, mas elas não se conectam de verdade. Por exemplo, uma pessoa entende muito de um determinado assunto e sabe que um conhecido está com esse tipo de desafio em seu próprio negócio.

Por que não ajudar? De graça mesmo.

Um dia essa pessoa o ajuda de volta e todo mundo sai ganhando nessa equação.

Todo mundo tem algo a ensinar ao outro, o cara que tem um trailer de cachorro-quente pode precisar de uma simples ajuda de um estagiário do ClubPetro e vice-versa. 

O verdadeiro caminho para o nosso desenvolvimento é criando um ecossistema foda em que trocas de conhecimentos são feitas de uma maneira orgânica.

Que os grandes empresários e as próximas gerações de empreendedores daqui enxerguem isso o quanto antes para levarmos Itabira e região à um degrau acima, ou mais.

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